Mães lésbicas versus mães heterossexuais. O debate foi lançado há 39 anos por uma equipa de investigadores da Universidade de Cambridge.
A conclusão é clara: a orientação homossexual das mães não influenciou os filhos, hoje adultos.
"Não tenho pai, tenho duas mães", explica um dos filhos de Fabíola Cardoso. Em casa daquela professora não há meias verdades para os afectos. Joga-se com os dados da clareza. A mesma que Fabíola e a companheira tentam transmitir ao universo que rodeia os dois menores: professores, infantário, pais de colegas ou, até, familiares.
"Nunca tive nenhum comentário hostil, porque esclareço qualquer dúvida", adianta. "Quando o meu filho entrou no infantário não escondi o seu retrato familiar à técnica. A verdade é sempre melhor que deixar espaço para que a curiosidade se torne em cepticismo e discriminação, principalmente contra eles", reforça.
Não é por serem filhos de um casal de lésbicas, que as duas crianças brincam de forma diferente de qualquer outra oriunda de um casal heterossexual. E não deixam de ser menos felizes ou saudáveis por não terem presente a figura de um 'pai'.
Mas, pegando neste exemplo, que adultos estão a ser criados por Fabíola e a companheira? Poderá a orientação sexual dos filhos das lésbicas ser condicionada ao espelho familiar?
"Nada mais errado. Há ainda uma ideia, que determinadas pessoas querem que seja consensual, de que as mães lésbicas tendem a criar crianças problemáticas. Não existe qualquer confusão de género e estas crianças não serão diferentes", assegura Susan Golombok, autora de um estudo em Inglaterra que acompanhou, nos últimos 39 anos, os filhos de 44 mães lésbicas e outras tantas heterossexuais. O objectivo passou por perceber quais os efeitos no desenvolvimento da identidade do género e o bem-estar psicológico daquelas crianças, hoje adultos [ver pormenores da investigação ao lado].
Segundo a especialista em estudos sobre famílias não tradicionais, não foi encontrada qualquer desvantagem na educação dos menores criados por lésbicas. "As crianças não se tornaram homossexuais porque as mães o eram. Os adultos que hoje ainda continuamos a acompanhar são tão 'normais' como os que resultaram de casais heterossexuais", explica Golombok, directora do Centro de Investigação sobre a Família na Universidade de Cambridge.
O estudo permitiu concluir que os sistemas cognitivo e emocional em nada foram afectados. "Por terem uma educação não repressiva, os menores monitorizados apenas mostraram-se maior disponibilidade em ter experiências com pessoas do mesmo sexo". "De 27 crianças que, após 14 anos, voltámos a contactar, só duas eram lésbicas", frisa Golombok.
4.24.2009
Filhos de lésbicas regem-se pela normalidade
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